A Polícia Civil em Ribeirão Preto (SP) tem uma nova linha de investigação no combate ao tráfico de drogas. O objetivo agora é descobrir como os traficantes conseguem as cápsulas utilizadas para embalar porções de cocaína, já que os pinos (eppendorf) têm venda exclusiva para empresas da indústria farmacêutica.
O delegado Paulo Henrique de Castro, da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise), conta que a suspeita é de que o material esteja sendo desviado das fábricas. “Os traficantes conseguem os pinos em revendas de laboratório. A investigação disso é mais demorada, porque temos que detalhar mais essa participação. A gente precisa na pessoa que faz esse desvio”, explica.
Para chegar à origem do desvio, a polícia está fazendo um levantamento de furtos e roubos desses produtos. “Normalmente é alguém dentro da empresa que acaba efetuando esse desvio, que passa alguma informação para que essa carga seja furtada. Nós estamos tentando fazer um banco de dados de furtos e roubos de insumos químicos e dessas cápsulas, para que a gente possa ter uma origem e acompanhar todo esse processo”, afirma o delegado.
Os insumos químicos e as cápsulas são levados para laboratórios de drogas, onde os materiais são utilizados para diluir, multiplicar e embalar os entorpecentes, que são repassados até que cheguem ao consumidor final. Segundo Castro, esses laboratórios têm se multiplicado na cidade, principalmente porque tais núcleos barateiam o tráfico.
“Em laboratórios mais sofisticados, o traficante diminui o volume de carga. Ele [o traficante] traz dez quilos de pasta base de cocaína para virar um volume bem maior de cocaína, então ele não vai ter que transportar uma quantidade muito grande.”
O delegado aponta também que outra dificuldade é o surgimento de laboratórios menores. “Os pequenos traficantes estão todos aí montando pequenos laboratórios, para que se tenha um aumento no lucro. Então ele [o traficante] pega aí três, quatro quilos de crack e transforma isso em dez quilos de crack, por isso muitas vezes uma droga já toda esfarelada”, diz.
Apreensões
Segundo dados da Dise, a apreensão de drogas cresceu este ano na cidade em comparação a 2011. Apenas de maconha, a polícia confiscou 506 quilos em 2012, contra 351 quilos no ano passado. As apreensões de cocaína passaram de 66 para 68 quilos. Já o crack registrou queda, passando de 106 quilos em 2011 para 84 quilos este ano.
Fonte: G1