Sete jurados decidem hoje, em um julgamento histórico na cidade de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), o destino de Pablo Russel Rocha, 37. Ele é acusado de ter arrastado até a morte pelo cinto de segurança de seu carro a garota de programa Selma Artigas da Silva, em 1998.
A morte de Selma, à época com 22 anos, provocou grande comoção popular. Passados 14 anos, o caso vai a julgamento no Fórum de Ribeirão, que tem capacidade para receber um público de até 216 pessoas.
Na ocasião, Pablo alegou que se tratou de um acidente –a vítima teria ficado presa ao cinto após sair do carro de Rocha, uma Pajero. Ele disse não ter ouvido os gritos de Selma porque escutava música alta em seu veículo.
Preso em 1998, foi solto dois anos depois por um habeas corpus do STF (Supremo Tribunal Federal). Desde então, responde em liberdade.
Mais do que a suposta relação entre Pablo e a vítima, conhecida como Nicole, acusação e defesa pretendem no júri basear suas argumentações nos laudos técnicos.
Nesse quesito, há divergências: um dos laudos aponta que a jovem foi presa intencionalmente ao cinto, enquanto outro laudo não oficial diz que Selma se enroscou acidentalmente no cinto.
O advogado do acusado, Sergei Cobra Arbex, confirmou que Pablo estará presente no julgamento. Zenith e Sandra Artigas, mãe e irmã da vítima, também assistirão ao júri.
“Esta semana não foi nada fácil. Minha mãe está muito nervosa, não consegue dormir nem comer direito. Esperamos justiça”, disse Sandra.
Foram sorteados pela Justiça 25 moradores de Ribeirão para a escolha do júri. Apenas sete serão selecionados.
De acordo com o assistente da acusação, Hélio Romualdo Rocha, é necessária a presença de no mínimo 15 pessoas para que ocorra a seleção dos jurados.
Cinco testemunhas de defesa e cinco de acusação foram arroladas para serem ouvidas durante o julgamento.
Entre as pessoas selecionadas pela defesa está um caminhoneiro que, segundo o advogado de Pablo, percebeu como o empresário estava desesperado quando parou o carro com Selma amarrada.
Já a acusação selecionou pessoas ouvidas pela polícia na época, que, segundo Rocha, comprovam que havia um relacionamento entre Pablo e a vítima.
‘MOMENTO DE JUSTIÇA’
Na visão de Arbex, defensor do acusado, Ribeirão hoje “vai viver um grande momento de justiça, de verdade sobre o que ocorreu”.
Para o assistente de acusação, a comoção popular de 14 anos atrás, na época da morte de Selma, “está sendo revivida novamente, ao ser lembrada pela mídia”.
Ainda segundo Rocha, se condenado, a pena do empresário por homicídio triplamente qualificado deve variar de 12 a 30 anos de prisão.