Um balão de silicone de um centímetro foi usado em uma cirurgia no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP) e salvou a vida de um feto que apresentou problemas de formação no pulmão durante seu sexto mês de gestação. A operação foi realizada com sucesso em um bebê com hérnia diafragmática, que restringe o desenvolvimento do órgão e que poderia levar à morte antes do nascimento.
O problema no músculo que separa o tórax do abdômen foi detectado pelos médicos durante uma ultrassonografia na mãe, segundo médico e professor de obstetrícia da USP, Ricardo Cavalli. Ele explica que o defeito faria com que outros órgãos localizados abaixo do pulmão subissem até a cavidade do tórax e o comprimissem, impedindo que se desenvolvesse. “Identificamos que o defeito era grave e que essa criança tinha uma área de pulmão significativamente restrita que poderia colocá-la em chances de vida próximas a zero”, afirmou.
Diante do risco, os médicos aplicaram o balão de silicone dentro da traqueia do feto para corrigir o defeito e garantir a expansão normal do pulmão. Ao final de 90 dias de internação, o bebê apresentou resultados impressionantes, segundo a médica da Unidade de Terapia Intensiva neonatal do HC, Walusa Assad Gonçalves Ferri. “Era uma criança que tinha grande chance de não nascer viva, não durar uma semana, e que saiu daqui depois de 90 dias praticamente exercendo as funções de um bebê normal”, disse.
De acordo com a médica, o bebê terá que tomar alguns medicamentos, mas a expectativa é de que cresça saudável. “A gente espera que esse pulmão cresça até os 8 anos de idade e que o bebê evolua para uma vida normal”, disse.
‘Esperança’
O procedimento cirúrgico em um feto é o primeiro, de cinco tentativas em dois anos, realizado com sucesso no Hospital das Cinicas de Ribeirão. O resultado abre perspectivas para o tratamento da hérnia diafragmática, segundo o professor de cirurgia pediátrica da USP de Ribeirão, Lourenço Sbragia.
“Essa é uma doença extremamente grave, não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro. Há uma busca muito grande nas pesquisas para atender a esses pacientes e a essas famílias. Esse foi um caso bem sucedido e nós ficamos muito felizes. É uma esperança a mais”, disse.
Fonte: G1