A notícia do aumento de 11,53% no valor da tarifa do transporte coletivo anunciada pela prefeita Dárcy Vera (PSD) desagradou os usuários do serviço em Ribeirão Preto (SP). A partir de terça-feira (22), o passageiro terá que desembolsar R$ 2,90 pela viagem – R$ 0,30 a mais que o atual preço, que é de R$ 2,60. O reajuste vai contra o índice de 5,38% esperado pelos ribeirão-pretanos.
A Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto anunciou também o fim da tarifa integração de R$ 2,80, conhecida como ‘esticadinho’, já que ficou definido que os passageiros pagarão a taxa única de R$ 2,90, mas poderão usar até três ônibus em um intervalo de duas horas.
Em maio do ano passado, o Consórcio Pró-Urbano formado pelas empresas Rápido D’Oeste, Turb, Transcorp, de Ribeirão Preto, e pela Sertran, da cidade de Sertãozinho (SP), venceu a concessão do transporte público na cidade por ter apresentado um valor de tarifa de R$ 2,74, R$ 0,14 a mais que o preço atual.
A Prefeitura se defende das críticas do aumento afirmando que a “tarifa foi obtida por meio da aplicação da correção, no período de julho de 2011 a janeiro de 2013, de 5,95% sobre R$ 2,7481, tarifa proposta pelo consórcio vencedor da licitação”. Ainda segundo a Prefeitura, serão criadas 19 linhas, mas o prazo da implantação não foi informado.
Críticas
Após ser duramente criticado pela população devido à aprovação do teto de 130% no reajuste do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de Ribeirão Preto, já em vigor, o governo Dárcy Vera enfrenta novas análises negativas com o aumento da passagem do transporte coletivo.
Para os moradores, o novo preço é injusto já que os investimentos na melhoria do transporte público são baixos e não atendem à necessidade dos usuários. O aposentado Orlando Fontellas, de 81 anos, morador do Sumarezinho, critica a administração. “Ao invés de defender o interesse dos empresários, a Prefeitura deveria defender o povo para fazer um trabalho melhor”, diz.
A auxiliar administrativo Cristina Alves dos Santos, moradora do Jardim Jandaia, diz que aumento só seria válido se a qualidade do serviço melhorasse. “Não poderia aumentar porque não tem tanta opção de ônibus. Às vezes, a gente fica mais de meia hora esperando no ponto. Eu canso mais de esperar o ônibus do que de trabalhar”, diz Cristina que precisa de quatro ônibus todos os dias para ir e voltar do trabalho.
A dona de casa Izilda Lucia da Silva, moradora do Campos Elíseos, diz que o aumento vai comprometer o orçamento doméstico. “O atual preço já está mais que bem pago. Eu sou aposentada e o dinheiro não dá para ficar pagando passagem a preço alto. Vai ficar ainda mais difícil”, diz.
O novo contrato firmado em 2012 com o consórcio Pró-Urbano, responsável pela exploração do setor por 20 anos, previa o início de uma reestruturação no transporte público de Ribeirão Preto em um período de seis meses. Entre os pontos principais estavam: a criação de sete novas linhas, o aumento da frota de ônibus – sendo todos adaptados para cadeirantes -, a construção de 500 abrigos pela cidade, dois terminais na região central e oito estações de integração nos bairros.
Mas até agora, a troca da maior parte da frota de ônibus foi a única mudança notada, segundo os usuários. A construção dos terminais e dos abrigos ainda não saiu do papel.
Para Izilda, a falta de infraestrutura nos locais onde os passageiros embarcam é um grande problema. “Tem pontos que ficam em locais muito ermos, perto de terrenos baldios, e não há nem cobertura ou iluminação. Isso é muito perigoso. Precisava haver um terminal para a segurança dos passageiros”, afirma.
A dona de casa reclama ainda que nos horário de pico, os ônibus estão sempre lotados. “É complicado encarar o ônibus cheio. Em muitas vezes, eu prefiro esperar o próximo para não ter que ficar em pé e correr o risco de cair”, conta.
Ministério Público
Para o promotor da Cidadania Sebastião Sérgio da Silveira, a prestação do serviço do transporte em Ribeirão ainda é questionável. “De fato, o que a gente vê na cidade hoje, é a absoluta falta de conforto das pessoas que aguardam os coletivos. Temos pontos de alta concentração de pessoas, que ficam sujeitas às intempéries, temos pessoas idosas, sem nenhum tipo de acomodação”, diz.
Segundo o promotor da Cidadania Sebastião Sérgio da Silveira, o Ministério Público pode abrir um inquérito caso fique provado que o cronograma para as mudanças não está sendo cumprido.
Outro lado
A assessoria da Prefeitura informou que o terminal que vai funcionar ao lado da estação rodoviária, no Centro da cidade, deve ficar pronto em maio de 2014. Entretanto, a assessoria informou que não há previsão para a construção dos outros dez terminais, incluindo a Estação Catedral.
Quanto aos abrigos para proteger passageiros da chuva e do sol, a Prefeitura informou que deve iniciar a construção de quinhentas novas estruturas em fevereiro deste ano.
Fonte: G1