Em dificuldades financeiras, a Prefeitura de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) planeja desativar todos os pontos de água espalhados em canteiros centrais de avenidas, praças, áreas de lazer, parques e prédios públicos do município.
O objetivo é reduzir os gastos mensais com o Daerp (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto), com quem a prefeitura acumula dívidas e pede parcelamento de uma delas, de R$ 59,5 milhões.
No mapeamento feito pela Secretaria Municipal de Infraestrutura, foram identificados ao menos 400 pontos de água nesses locais. O gasto gerado ainda não foi calculado pela pasta.
Nos casos dos parques, será cortada a água de algumas torneiras. O fornecimento nos bebedouros continua.
Eles foram instalados ao longo dos anos pelos governos para que a população pudesse conservar as plantas e arbustos dos canteiros, praças e áreas de lazer. Mas a prática caiu em desuso.
Nos casos em que não há desperdício, vazamentos ou ligações clandestinas, a água é usada por moradores de rua, por guardadores de carro e comerciantes ambulantes de lanche e caldo de cana, segundo a prefeitura.
“Algumas pessoas vão chiar [por causa do desligamento]. Mas elas não podem continuar usando a água que não é delas”, disse o secretário de Infraestrutura e vice-prefeito de Ribeirão, Marinho Sampaio (PMDB).
Segundo ele, todos os pontos serão desativados. Quem quiser o religamento poderá solicitar ao Daerp e se tornar responsável pelo pagamento do uso da água. A prefeita Dárcy Vera (PSD) ainda precisa autorizar a ação.
“Estamos fazendo isso porque a prefeitura precisa reduzir os gastos e o valor que paga ao Daerp. Vou encaminhar à prefeita e ela autoriza o corte dos pontos de água”, disse Sampaio.
Somente na avenida do Café, que liga o centro ao campus da USP, foram identificados ao menos 15 pontos de água com torneiras e hidrômetros. Alguns equipamentos, inclusive, foram roubados, segundo a prefeitura.
De acordo com comerciantes da região, o desperdício de água é grande porque os moradores de rua abrem as torneiras durante a noite e deixam vazando água até pela manhã, quando chegam os primeiros trabalhadores.
Na avenida Nove de Julho, os guardadores de carro usam a água das torneiras para lavar os veículos que ficam estacionados. Por temer algum dano ao carro, os motoristas contribuem com dinheiro os guardadores.
A prefeitura nunca tomou providências, segundo os comerciantes.
Fonte: Folha de São Paulo