USP de Ribeirão vai apurar excessos em trote com calouros

A Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto informou em entrevista coletiva, na tarde desta terça-feira (10), que repudia o trote no qual supostamente calouros foram submetidos a brincadeiras vexatórias e humilhantes.

Ignácio Maria Poveda Velasco, diretor da Faculdade de Direito, afirmou que será feita uma apuração do episódio e que alunos poderão ser punidos com advertência oral, por escrita ou, eventualmente, com expulsão. “A apuração dará a todos o direito ao contraditório”, afirmou.

Segundo nota distribuída à imprensa por alguns calouros, os alunos novatos teriam sido obrigados a ler um juramento no qual as mulheres se comprometiam, durante o curso, a somente fazer sexo com veteranos e, os rapazes, a abdicar do pênis.

O trote teria ocorrido fora da dependência do campus, em março, numa república de estudantes e recebeu o nome de “Festa da Coroação”. Na festa, os calouros recebem uma coroa de louros que são obrigados a usar até o dia 13 de maio, quando se comemora a libertação dos escravos.

Velasco declarou que a universidade vem promovendo discussões no sentido de acabar com a “cultura de excessos”, mas que “fatos pontuais” acabam acontecendo. “Não podemos aceitar que logo nesta faculdade se pratiquem atos que desrespeitem a dignidade da pessoa humana”, disse.





As críticas do diretor da faculdade ocorreram quatro horas após cerca de 500 estudantes do curso de direito repudiarem, em assembleia, a nota distribuída à imprensa por alunos que se sentiram ofendidos pelo trote. Para Danilo Sérgio de Souza, 25, presidente do Diretório Acadêmico, a manifestação dos calouros, que recebeu apoio de professores e entidades, foi um fato isolado e não representa a realidade na instituição de ensino, criada em 2008.

“Ninguém foi obrigado a ir à festa, e quem foi sabia que lá haveria trote”, disse. Souza admitiu que costumam ocorrer abusos nas festas de recepção dos ingressantes, mas que isso vem sendo discutido pelos alunos, no intuito de evitá-los.

Entre esses abusos estaria uma brincadeira denominada “Bixete pega o disquete”, no qual as calouras são obrigadas, após desfilar para os veterenos, a se abaixar para pegar um disquete e, com isso, deixar partes do corpo à mostra.

Adriane Cristina Branco de Oliveira, 18, afirmou que participou da brincadeira e não viu nada demais. “Foi tudo muito leve quando comparado com o que acontece em outras faculdades”, afirmou. Segundo ela, ninguém foi obrigado a fazer nada que não gostasse na festa. “Quem não curtiu não devia ter ido à festa, pois todo mundo sabia o que ia rolar.”

Fonte: Ribeirão Preto Online





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